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QUADROS
Marinhas e paisagens Litorâneas
As viagens de Durval Pereira seguem rumo ao litoral brasileiro. A explosão dos azuis é resultado de um intenso trabalho de pesquisa e conhecimento das técnicas de mesclagem de cores. A percepção de movimento, a intensidade cromática e as experiências sensoriais tornaram as marinhas do artista inconfundíveis. As paisagens mais constantes são de cidades do litoral paulista, como Santos e Itanhaém. Também existem obras pintadas em Itapema, no Estado de Santa Catarina, nas praias do litoral fluminense e no Nordeste, em especial as que retratam cenas de jangadas e puxadas de rede. No exterior, podemos identificar, por exemplo, paisagens litorâneas de Cascais, em Portugal. Não é sem motivos que as marinhas de Durval receberam diversos prêmios em salões de arte e exposições coletivas de todo o mundo.
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Pela estrada a caminho das cidades mineiras ou do litoral em busca de inspiração e novos cenários para suas telas, era inevitável o contato com diversos tipos de paisagem e personagens rurais. Os ambientes que traduziam a vida e o trabalho do homem do campo eram ainda mais bucólicos do que as marinhas e casarios. Os diversos matizes de verde ganham força nas telas de Durval Pereira. Além de percorrer grande parte do interior de Minas e São Paulo, onde as montanhas dominavam o horizonte, Durval chegou também a terras do Mato Grosso, cujas paisagens eram de grandes planícies e campos abertos. No caminho para Minas ou para o Centro-Oeste, Tambaú, cidade paulista próxima a Ribeirão Preto, era uma das suas paradas preferidas. Apesar da paixão por Ouro Preto e seu casario histórico ou da força sensorial e pictórica de suas marinhas, são as boiadas, carros-de-boi e boiadeiros, talvez, os trabalhos mais premiados de Durval Pereira. São peças de destaque dentro do acervo de sua obra e algumas das telas mais aclamadas pela crítica especializada.
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Os tons vibrantes e uma explosão intensa de cores surgem nas mesas fartas e coloridas das naturezas-mortas de Durval Pereira. Nas generosas talhadas de abóbora, verduras, frutas, peixes e tachos de cobre, assim como em exuberantes arranjos florais, sempre com pinceladas fortes, densas, mas, ao mesmo tempo, de uma suavidade que surpreende o espectador, em cenários geralmente montados em sua própria casa. As cenas criadas com os tachos de cobre, por sua vez, surgem em ambientes mais rústicos, nos próprios locais de preparo, sugerindo que tenham sido pintadas em suas viagens a Minas. De suas pescarias, voltava sempre com fotografias de arranjos de peixes e camarões que depois utilizaria como referência para as telas, recriando o ambiente em composição com outros elementos. Alguns desses quadros, já datados da década de 1970 em diante, apresentam uma forte tendência para o Expressionismo e o Abstracionismo. Com essa mesma dinâmica de contrastes e cores, são pintados com maestria os retratos, influenciados, talvez, por sua experiência de início de carreira como retocador de fotografias. Em geral, são rostos marcantes de gente do povo, traços sofridos da pessoas simples do campo, com destaque para os pretos velhos. Apesar de tamanha beleza, o retrato não era um tema constante em sua obra. Durval preferia o movimento, as figuras não estáticas, apresentando os personagens em suas atividades cotidianas, como foi o caso das lavadeiras e dos boiadeiros. Até mesmo no ambiente familiar, registra-se apenas um retrato pintado, no seu início de carreira, de sua filha Mirna, ainda criança.
Retratos e Naturezas mORTAS
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Durval Pereira foi, sem dúvida alguma, um artista fora de seu tempo. Um impressionista legítimo e aclamado pela crítica mundial e, posteriormente, expressionista, numa época em que o mercado de arte tinha seus olhos totalmente voltados para o Abstracionismo. As mudanças de estilo e a demanda das galerias por abstrações conseguiram fazer com que Durval partisse para esse novo caminho. Pesou bastante, também, nessa decisão, a grande amizade com Manabu Mabe, talvez o maior nome desse estilo na arte brasileira da época. Nesta exposição, temos alguns dos poucos e raros exemplares da arte abstrata, experiências ímpares de Durval Pereira, produzidos a partir da década de 1970, já no final de sua carreira. Uma série de obras que mostra essa intenção de modernidade e de fuga ao seu estilo e à paleta de cores original. Apesar dessa entrega ao apelo do mercado, mesmo nestas obras podemos identificar facilmente as temáticas de cada tela, com elementos claros de casarios, marinhas, naturezas-mortas. Portanto, mesmo cedendo ao Abstracionismo, Durval Pereira manteve-se fiel à alma principal do seu trabalho.
Abstrações
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A expedição pelo universo de Durval Pereira começa pelos tons de ocre, do amarelo esmaecido aos laranjas intensos, que se destacam na mais constante temática de toda a sua obra: os casarios. O Colonial Brasileiro de cidades mineiras, como Mariana, Diamantina, Tiradentes e São João delRei era sua verdadeira paixão, mas foi Ouro Preto sua inspiração preferida. Nas viagens ao Estado do Rio de Janeiro, pintou paisagens de cidades históricas como Paraty. No Rio Grande do Sul, retratou as ruínas das igrejas jesuítas de São Miguel das Missões. No Nordeste, considerava os casarios de Salvador o melhor destino. Há também algumas paisagens de conjuntos arquitetônicos civis e religiosos pintados na Europa, principalmente na Itália, e em países da América Latina. Na década de 1970, Durval encontrou um novo cenário dentro da temática dos casarios: a Favela do Buraco Quente, na Mooca. Os quadros retratam, com a mesma força dos espatulados e um colorido ainda mais inusitado, a vida simples e a estrutura frágil desse cenário tipicamente brasileiro.
Ouro preto
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